APOCALIPSE: NARRATIVA
O livro de Apocalipse é, de fato, de difícil compreensão. Não é fácil
entender até mesmo a linearidade de sua narrativa. Veja, por exemplo, que,
depois de toda a destruição que acontece durante a Grande Tribulação, espera-se
que venham “os novos céus e nova terra” (21:1), ou seja, o fim. Mas não, o que
vem é um reino de mil de Cristo, na Terra, enquanto Satanás está preso. Só
depois desse período, após ele ser solto e enganar as nações, novamente, e
ocorrer uma batalha final e Satanás ser “lançado no lago de fogo” é que vem o
juízo final e a restauração da criação com “os novos céus e nova terra”. Isso
indica que Apocalipse não pode ser interpretado literalmente, pois, como
literatura apocalíptica, sua narrativa não é sequencial. É a compreensão de
Apocalipse 20:1-6 que abre o entendimento de toda a profecia.
Por essa razão, cada interpretação apresenta uma sequência diferente de
eventos. No entanto, aqui, será dado a sequência que aparece no livro, não
considerando as interpretações. A primeira parte da narrativa inicia com João,
desterrado na ilha de Patmos por causa do testemunho de Cristo. No dia do
Senhor, isto é, no domingo, ele, em Espírito, vê Jesus em sua forma celestial
que o ordena a escrever, em um livro, o que vê e a enviá-lo às sete igrejas da
Ásia (1-3). Assim, a visão do Cristo glorificado e as sete cartas constituem o
assunto dos três primeiros capítulos.
Depois, vem uma segunda parte do livro, em que João vê uma porta aberta
no céu e uma voz o convida a entrar. De repente, encontra-se na sala do trono
de Deus que, como não tem palavras para descrevê-lo, o chama de “aquele que
está assentado no trono”. Deus segura em sua mão direita um livro selado com
sete selos. Jesus, ao receber das mãos do Criador esse livro, é adorado por
“milhares de milhares e milhões e milhões” de anjos, que se encontram ao redor
do trono. Nesse livro, encontram-se os decretos divinos sobre o fim da presente
ordem mundial, marcada pelo pecado e pelo mal. Esse é o conteúdo dos capítulos
quatro e cinco.
A terceira parte da narrativa é composta pela execução das ordens
divinas, isto é, o abrir dos sete selos, o tocar das sete trombetas e o
derramar das sete taças, que ocorrem do capítulo seis ao dezesseis. A quarta
parte, os capítulos 17 a 19, fala sobre detalhes da luta para destruição do
sistema humano e do encontro de Jesus com a Igreja, isto é, “as bodas do
Cordeiro”. A quinta parte constitui o capítulo 20. Nela. Fala-se do reino de
mil anos de Jesus, da prisão de Satanás durante esse período, de sua soltura ao
fim desse período, de seu trabalho de engano às nações, de uma luta final, do
lançamento de Satanás no “lago de fogo” e do juízo final.
A sexta e última parte é composta pelos capítulos 21 e 22. Fala-se de um
novo mundo, de “novos céus e nova terra, pois o primeiro céu e a primeira terra
tinham passados”. Um mundo no qual o próprio Deus viverá com os homens, onde
não haverá mais lágrimas, mais morte, nem dor, nem sofrimento, “pois a antiga
ordem já passou”. “Aquele que estava assentado no trono disse: estou fazendo
novas todas as coisas”. E assim, o livro de Apocalipse fecha o ciclo dessa
ideia que permeia toda a Escritura, isto é, a ideia de que o presente mundo
vive sobre a influência e os efeitos do mal, mas que este será eliminado e a
toda a Criação será restaurada.
Antônio Maia – M.Div.
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