A MORTE NA HUMANIDADE
A morte é o destino inevitável de todas as pessoas. Por que o ser humano
morre? De acordo com o livro de Gênesis, um texto de provavelmente três mil e
quinhentos anos, o ser humano foi criado para ser eterno, isto é, não passar
pela experiência da morte. Nele, há o registro da seguinte fala do Criador ao
primeiro homem: “coma livremente de qualquer árvore do jardim, mas não coma da
árvore do conhecimento do bem e do mal, porque no dia em que dela comer,
certamente você morrerá" (2.16,17).
Observe que só morreria se comesse daquela árvore. Assim, originalmente,
o homem era um ser magnífico com caráter e compleição superior à atual. Fora
criado “à imagem e semelhança” de Deus (Gênesis 1.26) e feito “pouco menor do
que os seres celestiais” (Salmo 8.5). O Apóstolo Paulo, ao comentar os efeitos
da obra de Cristo no homem caído, falou sobre alguns aspectos da natureza
humana original. Ele disse que aquele que recebe Cristo, em sua vida, deve
“revestir-se do novo homem, criado para ser semelhante a Deus” em justiça,
santidade e conhecimento (Efésios 4.24; Colossenses 3.9,10).
Desse modo, o homem, antes da Queda, era eterno, justo, santo e dotado
de conhecimento, o que permitia a ele andar na presença de Deus (Gênesis
3.8-21). Ele era eterno porque vivia, em estado de perfeição, segundo a vontade
divina. Era justo porque não tinha pecado, e santo por causa de sua condição
moral perfeita. O conhecimento que tinha sobre Deus, sobre seu ser e o mundo
lhe imprimia significado à sua existência. O texto de Gênesis 3 mostra também
que o homem era dotado de liberdade, em sua semelhança com o Criador, tanto que
não seguiu a orientação divina e, agindo por força de sua própria vontade,
comeu da árvore proibida.
Por que o Adão não podia comer da “árvore do conhecimento do bem e do
mal”? Porque esse mandamento divino constituía um referencial por meio do qual
ele exercia sua liberdade diante de Deus. Obedecê-lo significava viver segundo
um discernimento moral que vinha do Criador. Por outro lado, negligenciá-lo
indicava ceder à sua própria vontade, colocando-a acima da divina. E isso
constituía um risco ao homem, pois ele foi criado para a vida de comunhão com
Deus. Só a relação Criador-criatura nutria as condições de vida eterna, justa,
santa, livre e com significado.
Ao desobedecer a Deus, o primeiro homem optou por uma vida autônoma sob
um discernimento moral próprio e, assim, veio sobre ele a morte daquele “eu”
original. Ele mergulhou em uma nova existência marcada pela dor e sofrimento,
pois a relação Criador-criatura se rompeu. Separado de Deus, o espírito humano
morreu, sua alma se desorientou e seu corpo entrou em uma trajetória que
culmina na morte. Essas três dimensões do homem, que antes existiam integradas,
“descolaram-se” uma das outras e entraram em descompasso até sua desintegração
total na morte [1].
O Apóstolo Paulo, escrevendo aos Romanos sobre essa questão, disse:
“portanto, da mesma forma como o pecado entrou no mundo por um homem, e pelo
pecado a morte, assim também a morte veio a todos os homens” (Romanos 5.12). O
entendimento dessa questão da morte abre caminho para a compreensão do mistério
de Cristo, que veio ao mundo para libertar o homem da prisão eterna da morte.
Paulo escrevendo aos Coríntios, disse: “pois da mesma forma como em Adão todos
morrem, em Cristo todos serão vivificados (1Coríntios 15.22). Sim, aqueles que
têm sua confiança em Cristo serão ressuscitados, pois Ele ressuscitou, abrindo
esse caminho de volta a Deus para o homem. Em Apocalipse 1.18, Ele disse: “eu
tenho as chaves da morte e do Hades”. “Hades” é uma palavra de origem grega,
correspondente à palavra hebraica “sheol” [2], o lugar dos mortos.
[1] MAIA, Antônio. O Homem Em Busca de Si. amazon.com.br
[2] Bíblia Nova Versão Internacional, comentada. São Paulo: Ed. Vida, p.
1644
Antônio Maia - M.Div.
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