RELIGIOSIDADE MORTA E VIDA ESPIRITUAL
Os judeus, embora vivendo longe de Deus, em pecado, sentiam-se
seguros quanto a sua salvação por causa de sua prática religiosa. Mas Deus,
pela boca do profeta, falava que seus holocaustos de nada valiam, pois não eram
acompanhados de sincero arrependimento e alegre obediência (7.21-23). Dizia o
SENHOR, por meio do profeta: “vocês pensam que pode roubar e matar, cometer
adultério e jurar falsamente, queimar incenso a Baal ... e depois vir e
permanecer perante mim neste templo, que leva o meu nome, e dizer: estamos
seguros!” (7.9).
A suntuosidade do templo despertava nos líderes religiosos uma
teologia que afirmava que Jerusalém jamais seria invadida e destruída como fora
Samaria, capital do Reino do Norte. Ele era visto como a presença do próprio Deus,
no meio de seu povo. No entanto, Deus falou: “vão agora a Siló, o meu lugar de
adoração, onde primeiro fiz uma habitação em honra ao meu nome, e vejam o que
eu fiz por causa da impiedade de Israel, o meu povo.” (7.12). O local fora
destruído junto com a cidade por volta de 1050 a.C., pelos filisteus, algum
tempo depois dos acontecimentos narrados em 1Samuel 4.
A vida religiosa de Jerusalém acontecia, normalmente, antes
de a cidade ser destruída pela Babilônia, mas o povo estava distante de Deus. Existiam
inúmeros ídolos no pátio do templo (Ezequiel 8.3,5,6,19,12), onde também o rei
Manassés colocou um poste sagrado para adoração idólatra (2Rs13.6;21.7). As mulheres
adoravam a Rainha dos Céus, a deusa babilônica Istar (7.18) e havia, ainda, um
hediondo culto pagão com sacrifícios humanos (7.30-31). A mensagem da profecia era
que eles corrigissem suas condutas, do contrário dizia Deus: “expulsarei vocês
de minha presença” e “esta terra se tornará um deserto” (7.3,15,34).
É verdade que a profecia de Jeremias foi para o Reino de
Judá, nos séculos VII e VI a.C.. Contudo, sua mensagem permanece viva e pode
ser usada em análises atuais. Assim, convém à igreja, periodicamente, avaliar
sua práxis e sua teologia tendo como referência a Palavra divina. É preciso
fugir da tentação de confundir Deus com a estrutura religiosa e o ativismo com a
espiritualidade. De igual modo, o cristão precisa olhar para si e ver se vive
na liberdade da graça divina, no amor a Deus e ao próximo. Neste contexto, cabe
lembrar que ídolo é qualquer coisa que alguém lhe dedique amor excessivo ou
admiração exagerada.
ANTÔNIO
MAIA
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