A CONSPIRAÇÃO PARA MATAR JESUS
A CONSPIRAÇÃO PARA MATAR JESUS
É impressionante como certos líderes religiosos são capazes
dos atos mais cruéis com aqueles que lhes fazem oposição. Cheios de si e encantados
com suas tradições perseguem e, às vezes, até destroem aqueles que os incomodam
com suas vidas retas. Jesus teve que administrar essa questão desde o início de
seu ministério público. Ele concentrou grande parte de sua atuação “na
Galiléia, mantendo-se, deliberadamente, longe da Judéia, porque ali os judeus
procuravam tirar-lhe a vida” (João 7.1).
Segundo Marcos, depois que Jesus curou, em um sábado, um
homem que tinha uma das mãos atrofiada, “os fariseus saíram e começaram a
conspirar com os herodianos contra Jesus, sobre como poderiam matá-lo” (3.1-6).
Não interessava a bondade, a graça e o poder de Deus manifestos no milagre; para
eles o importante era guardar o sábado. Esses mesmos grupos aparecem, depois, tramando
contra Jesus, em seus últimos dias (Marcos12.13). Ocorre, porém, que os
fariseus eram inimigos ferrenhos dos herodianos, pois esses eram judeus
seculares que apoiavam a família de Herodes que detinha o poder em Israel, sob a autorização de Roma.
Essas ideias de matar Jesus, contudo, não eram iniciativas isoladas
de alguns judeus, que, por exemplo, tentaram apedrejá-lo (João8.59;10.31). O Apóstolo
João registrou que após Jesus ressuscitar Lázaro houve uma reunião no Sinédrio,
mais alta corte judaica, para tratar esse assunto. Alguém falou: “aí está esse
homem realizando muitos sinais miraculosos. Se o deixarmos, todos crerão nele,
e então os romanos virão e tirarão tanto o nosso lugar como a nossa nação ... e
daquele dia em diante, resolveram tirar-lhe a vida.” (11.45-54). Não apenas a
de Jesus, mas a de Lázaro também, tentando abafar o milagre (João12.9-11).
Os bons exegetas veem essa palavra “lugar” de João 11.48
como uma referência ao templo de Jerusalém. No entanto, não constitui equívoco
inferir que havia na fala daquelas autoridades uma preocupação com suas
próprias posições como líderes religiosos na sociedade judaica. Jesus atraía,
com o seu ensino e seus milagres, multidões e eles temiam o esvaziamento da
estrutura religiosa que comandavam. Em uma de suas tentativas de prender Jesus,
mandaram a Ele os guardas do templo, mas esses retornaram sem o Galileu e
disseram aos líderes: “ninguém jamais falou da maneira como esse homem fala”
(João7.46).
É do conhecimento comum que existem muitos líderes
religiosos que não resistem às tentações da fama, do poder e da riqueza que
suas posições podem lhes conferir. Segundo estudiosos, os adoradores do templo
eram explorados pelos mercadores que cobravam altos preços pelos animais
utilizados nos sacrifícios e pelos cambistas que praticavam taxas abusivas,
tudo sob a aquiescência da aristocracia sacerdotal, que lucrava à custa dos
peregrinos. Jesus, em um de seus últimos gestos de sua pregação, “entrou no
templo e expulsou todos os que ali estavam comprando e vendendo” e os acusou de
terem transformado aquela "casa de oração" em um “covil de ladrões”. Foi um forte golpe na
moral de seus algozes, que definitivamente se consolidaram na ideia de matá-lo.
ANTÔNIO MAIA
DIREITOS AUTORAIS RESERVADOS AO AUTOR
IMAGEM: JESUS EXPULSANDO OS VENDILHÕES de El GRECO (antes de 1570)
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