O APÓSTOLO PEDRO EM TRÊS MOMENTOS
O APÓSTOLO PEDRO EM TRÊS MOMENTOS
O Apóstolo Pedro teve que percorrer um longo e doloroso
caminho antes de tornar-se o grande homem que foi, frente à Igreja de sua
época. Quando foi escolhido por Jesus para liderar a Igreja (João 21.15-17),
não passava de um derrotado, pois, no momento da prisão de Cristo, o havia
negado três vezes (Lucas 22.54-62). Sua história, contudo, é a de muitos
cristãos, que começando no romantismo chegam à verdade sobre si até serem
restaurados por Jesus e passarem a viver na dependência do Espírito.
É comum ver cristãos imaturos fazendo juras de amor a Deus
por meio de palavras e canções cantadas com grande emoção. Não que isso seja
errado, mas que haja consciência do que se fala, do que se canta e do compromisso
assumido (Eclesiastes5.1-6). Pedro, em sua fase romântica, também foi assim. Certa vez ele disse a
Jesus: “nós deixamos tudo para seguir-te” (Marcos10.28). Em outra oportunidade,
após Jesus lavar os pés dos discípulos, em sua última noite com eles, Pedro lhe
disse: “darei a minha vida por ti” (João 13.37). Também foi ele quem decepou a orelha
de um dos que foram prender Jesus.
Mas aquele Pedro audaz e valente, que tinha sempre uma
palavra pronta na boca, logo vai descobrir quem verdadeiramente é: um medroso.
Na mesma noite em que disse que daria a vida por Jesus, negou ser seu discípulo
três vezes. Na terceira, após o galo cantar, Jesus olhou para ele e, então,
“saindo dali, chorou amargamente” (Lucas22.62). É muito doloroso quando alguém
se encontra consigo mesmo, quando vê as máscaras caírem e enxerga a pessoa que
realmente é. Uma sensação de decepção e desgosto profundo se instala, pois
descobre que não é quem pensa que é.
O grande Apóstolo ficou arrasado, mas não apenas ele, pois no
momento da prisão de Cristo “todos o abandonaram e fugiram” (Marcos 14.50). Jesus,
porém, em seu imenso amor por eles os perdoou e os restaurou. O Apóstolo João
registrou, em seu evangelho, que Ele, depois de sua ressurreição, apareceu aos
discípulos às margens do mar de Tiberíades e os convidou para um café matinal
em um gestou de amor, amizade e comunhão. A presença divina desnuda o íntimo do
homem, mas se este render-se ao amor que ela exala, viverá a experiência de ser
transformado.
Depois daquele encontro com o Cristo ressurreto e após a
decida do Espírito Santo, no Pentecostes, aqueles homens nunca mais foram os
mesmos. Pedro tornou-se eloquente pregador a ponto de em apenas dois sermões promover
um acréscimo da Igreja de 120 para 5.000 homens (Atos1.15;2.41;4.4). Por ter
curado um aleijado que ficava sempre à porta do templo, foi preso e conduzido
ao Sinédrio. Perante aquela Corte Suprema de Israel, discursou com intrepidez
desafiando aquelas autoridades ao afirmar que não deixaria de pregar Jesus
Cristo, a quem eles mataram. De acordo com Tertuliano e Orígenes, pais da
igreja primitiva, por causa de seu testemunho de Cristo morreu crucificado de
cabeça para baixo, em Roma, durante a perseguição aos cristãos promovida pelo
imperador Nero, no ano de 68 d.C..
ANTÔNIO MAIA
DIREITOS AUTORAIS RESERVADOS AO AUTOR
FOTO: "Chamada de Pedro e André" de Caravaggio
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