O TEXTO DO ANTIGO TESTAMENTO
O texto do Antigo Testamento que temos hoje em nossas Bíblias é confiável? Em que medida ele corresponde ao escrito inicial? Essa questão é relevante, pois trata de documentos que distam de nós até mais de três milênios e, dos quais, não dispomos de nenhum autógrafo (manuscrito original do autor). Ela constitui o cerne de uma ciência que, quando se refere a manuscritos bíblicos recebe o nome de “Crítica Textual” e, quando trata de textos filosóficos e literários antigos chama-se de “Ecdótica”.
Os autógrafos foram, provavelmente, escritos em pergaminho, isto é, pele de animais preparada para a escrita. Com o uso constante, eles se deterioravam e, então, eram reunidos para serem cerimonialmente enterrados, pois continham o nome sagrado de Deus. Mas antes disso, eles eram copiados; e aqui é que surge o problema. Os estudiosos concordam que nenhum copista seria capaz de reproduzir, fielmente, todo o texto hebraico do Antigo Testamento. Sim, eles cometiam erros e é por essa razão que existe a “Crítica Textual”.
Alguns exemplos de erros: omissão de letras ou palavras, duplicação de letras ou palavras; inversão da ordem de duas letras ou palavras; duas palavras unidas como uma; uma palavra separada em duas. Isso pode parecer preocupante, mas os especialistas ressaltam que apenas uma porcentagem muito pequena desses erros implica em diferença no sentido do texto sem, contudo, alterar pontos da doutrina. Assim, para que o leitor comum não pense que está lendo um texto não confiável, as versões bíblicas modernas trazem, nas notas de rodapé, as variantes textuais significativas.
É irrefutável a confiabilidade do texto do Antigo Testamento. Só para comparar, a cópia mais antiga que existe do poeta grego Eurípedes (480-406) foi escrita 1600 anos após a sua morte e ninguém questiona sua autenticidade. Já o manuscrito mais antigo que dispomos de Isaías, encontrado nas cavernas do Mar Morto, dista uns 450 anos de seu autor. Ele guarda estrita semelhança com o Isaías do códice leningradense, cópia completa mais primitiva do Antigo Testamento que existe, datada de 1008 d.C. e que constitui uma das fontes primárias do texto que lemos hoje.
Embora, um o longo tempo separe o texto atual dos autógrafos, a Crítica Textual do Antigo Testamento atesta sua grande exatidão em relação àqueles. Isso se deve à seriedade e à reverência dos sacerdotes, e depois dos copistas, na reprodução dos escritos sagrados. Graças a esses homens, hoje temos Escrituras autênticas e íntegras em relação ao original dos autores.
Antônio Maia – M.Div
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