A JUSTIÇA QUE VEM DE DEUS
Muitas pessoas vivem como se
fossem eternas, sem importar-se com sua condição espiritual. Mas, de repente,
são surpreendidas com enfermidades graves, acidentes e situações que levam à
morte. Outras consideram a questão espiritual, mas se dedicam a religiões que
são meras criações humanas e, por essa razão, não conduzem seus fiéis à
presença do Criador. Já outras, procuram garantir um bom destino, após a morte,
por meio de religiões de auto salvação, que incentivam a prática de caridade,
boas obras e, até mesmo, o esforço para cumprir os mandamentos divinos.
A sagrada Escritura, porém,
mostra que esses modos de tratar a questão espiritual do homem são inadequados.
O profeta Isaías, falando nesse contexto, disse: “somos como o impuro - todos
nós! Todos os nossos atos de justiça são como trapo imundo. Murchamos como
folhas, e como vento as nossas iniquidades nos levam para longe” (64:6). Pouco
valem nossos atos bons, pois nossas iniquidades nos levam para longe de Deus.
Já com respeito ao cumprir a Lei de Deus, o Apóstolo Paulo é enfático ao
afirmar: “...sabemos que ninguém é justificado pela prática da Lei… porque pela
prática da Lei ninguém será justificado… se a justiça vem pela prática da Lei,
Cristo morreu em vão” (Gálatas 2: 16,21).
Observe, pelo acima exposto, que
a Escritura bíblica mostra a impossibilidade do homem tornar-se justo diante de
Deus por seus próprios esforços. Não há um único ato de bondade ou nobreza
humana que seja tão valioso a ponto de viabilizar seu reencontro com Deus. E
com respeito à Lei, esta não pode salvar o homem, não porque não tenha valor.
“A Lei é santa” (Romanos 7:12). A Lei é a vontade de Deus para o homem. Ela
expressa o estilo de vida do homem, antes do pecado original. No entanto,
ninguém consegue cumpri-la. Veja o que Paulo disse sobre os judeus que
confiavam no seu esforço em cumprir a Lei: “...ignorando a justiça que vem de
Deus e procurando estabelecer a sua própria, não se submeteram à justiça que
vem de Deus” (Romanos 10:3).
Mas por que o ser humano precisa
tornar-se justo diante de Deus? Em que sentido ele precisa da “justiça que vem
de Deus”? Criado para a vida de comunhão com seu Criador, o homem saiu do
propósito para o qual foi criado. No pecado original, em busca de uma vida
autônoma sob uma orientação moral própria, ele rejeitou a vontade de Deus. O
homem tornou-se pecador, isto é, alguém que não consegue viver sob a vontade
divina, expressa em sua Lei. Esse fato o levou a entrar em uma existência
separada de Deus. Por causa disso seu ser sofreu graves alterações. Seu
espírito morreu, em relação a Deus, e seu corpo perdeu suas características
iniciais, passando a progredir em uma trajetória que culmina na morte física.
Se isso acontecer sem ele acertar sua situação com Deus, passará a eternidade
em uma existência separada do Criador.
Por essa razão o homem precisa
tornar-se justo diante de Deus, sem pecado, isto é, vivendo dentro do propósito
original de sua criação que está expresso no que a Escritura sagrada chama de
Lei de Deus. Muitos vêem essa expressão “justiça divina” em um sentido punitivo
ou opressor. No entanto, é exatamente o contrário. A “justica que vem de Deus”
torna o homem justo, santo, sem pecado e o recoloca no propósito original de
seu ser. Ela inocenta o ser humano da culpa de seu pecado, livrando-o da força
do pecado que o condena à morte eterna. Ninguém é condenado pela “justiça
divina”, mas, exatamente, por rejeitá-la. Se assim é, então, em que consiste a
justiça divina?
O Apóstolo Paulo responde:
“justiça de Deus mediante a fé em Jesus Cristo para todos os que creem… Deus o
ofereceu como sacrifício para propiciação mediante a fé, pelo seu sangue,
demonstrando a sua justiça” (Romanos 3:22,25). Mas como entender essa questão
que Jesus Cristo é a justiça que vem de Deus? O homem, caído, por causa do
pecado original não consegue viver sem pecar. O Filho, segunda pessoa da
Trindade, esvaziou-se de sua divindade, fez-se homem e viveu sem pecado
(Hebreus 4:15). Ele, diferente dos homens, que não conseguem praticar as leis
divinas, cumpriu toda a Lei, enquanto viveu nesta Terra (Mateus 5:17). Jesus, o
Filho de Deus, como homem de carne e sangue fez o que ninguém consegue: viveu
sem pecado e cumpriu a Lei divina, isto é, viveu dentro da vontade de Deus.
Por causa desses aspectos, Paulo
chamou Jesus de "o último Adão". Sim, o homem Jesus Cristo fez o que
Adão não conseguiu: durante sua vida terrena, não pecou contra Deus e foi
obediente até à morte (Hebreus 4:15). Sua morte foi uma bênção para a
humanidade, pois ao terceiro dia após morrer, Ele ressuscitou e, agora, está à
direita de Deus. Sua ressurreição abriu o caminho para que o homem também
ressuscite no "dia do Senhor" e renasça para a vida eterna com Deus.
Assim, Deus concedeu àquele que crer a graça de serem imputadas a ele a justiça
e a santidade de Cristo. O ser humano se torna "justificado" de seus
pecados quando deposita fé no sacrifício de Cristo, na sua morte e
ressurreição. Isso é observado no fato de o Apóstolo Paulo usar o verbo "justificado"
22 vezes, em sua carta aos Romanos, entre 2:13 e 5:1, designando o que acontece
quando alguém crer em Cristo como Salvador.
Antônio Maia – Ph.B., M. Div.
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Comentários
Obrigado, meu amado irmão.