APÓS A MORTE - PARTE II
Como visto, na primeira parte
deste estudo, segundo a Escritura, após a morte o ser humano continua existindo
sob outras condições. Ele é submetido a um juízo imediato, no qual é definido
seu destino eterno. Nessa nova existência, como demonstrado, o ser humano tem
consciência de seu ser e sua história. Os que deram crédito à pregação de
Cristo viverão na presença divina e os não cristãos passarão a eternidade em um
lugar de tormento e angústia, separados do Criador.
Por que razão a sagrada Escritura
afirma que os não cristãos viverão em um sofrimento eterno? De acordo com texto
de Gênesis, o homem é uma integralidade de matéria e espírito, misteriosamente
unidos (2:7). Na Queda, isto é, no pecado original, esses constitutivos do ser
humano foram avariados e perderam suas características iniciais. O espírito se
desconectou de sua fonte de vida, Deus; e o corpo se alterou para uma
compleição que não se sustenta no tempo, passando a progredir em uma trajetória
que culmina na sua desintegração (Gênesis 3).
Note, então, que o pecado
original gerou, no homem, uma condição de existência afastada de Deus e alterou
o seu ser de tal modo que, por seus esforços, ele não consegue voltar para a
sua condição inicial. Por isso Deus deu a sua Lei ao homem. Ela é o estilo de
vida do homem original. Se o ser humano conseguir cumprí-la, ele se religa a
Deus e se salva dessa condição de decadência que se estabeleceu quando o
primeiro homem pecou. Mas, por causa do pecado, o homem não consegue guardá-la
(Gálatas 2:15,16,21) e, se passar pela morte física nessas condições, ficará
eternamente separado de Deus (Romanos 3:23; Gênesis 2:17).
Deus, então, em seu grande amor
pelo homem, enviou o seu Filho para ajudá-lo a sair dessa situação. O Filho
deixou sua condição de Deus, tornou-se homem e cumpriu a Lei divina, enquanto
viveu na Terra. Sobre a Lei, Jesus disse: “não pensem que vim abolir a Lei ou
os Profetas, não vim abolir, mas cumprir” (Mateus 5:17). E não foi fácil, pois
o autor de Hebreus escreveu que Ele “passou por todo tipo de tentação, porém,
sem pecado” (4:15). Segundo Paulo, Ele viveu assim, santamente, “a fim de que
as justas exigências da lei fossem plenamente satisfeitas” naqueles que
entregam suas vidas a Cristo em busca de uma solução para seu espírito e seu
corpo, alterados na Queda (Romanos 8:4).
Cristo é a solução de Deus para o
problema espiritual do homem. Por isso o Apóstolo Paulo diz que “quem está em
Cristo é nova criação… isso provém de Deus que nos reconciliou consigo mesmo
por meio de Cristo” (2Coríntios 5:17,18). Aquele que recebe Cristo como Senhor e
Salvador renasce, espiritualmente, para a vida com Deus (João 3:1-8). Mas seu
corpo continua em direção à morte, porém recebe a promessa da “redenção do
corpo” (Romanos 8:23) que ocorrerá na ressurreição dos mortos. Escrevendo aos
Filipenses, Paulo diz que Cristo “transformará os nossos corpos humilhados,
tornando-os semelhante ao seu corpo glorioso” (3:21).
Chama a atenção, contudo, o fato
de que a sagrada Escritura nada fala sobre essas coisas com respeito aos que
não seguem a Cristo. Os que não creem em Cristo, os que desprezam a Deus, os
que creem e seguem outros deuses, os que entendem que tudo é apenas matéria,
por causa dessas posições, não religam seu espírito a Deus, nesta vida. Os espíritos dessas pessoas não renascem para Deus e assim, elas passam para a vida
após a morte na condição de separados do Criador e, por essa razão, vão viver
uma existência de angústia e sem sentido.
De igual modo não terão a
“redenção do corpo” da qual falou o Apóstolo Paulo. Esse Apóstolo, em sua
segunda carta aos Coríntios, fala dessa questão do corpo humano. Ele comenta
sobre a satisfação que o cristão tem de saber que quando morrer receberá um corpo
glorioso para ser unido a seu espírito, tornando-se um ser apto à vida plena
com Deus, em sua glória. Mas também fala de um perigo: “porque nós não seremos
apenas espíritos sem corpo. Este nosso corpo terreno nos faz gemer e suspirar,
porém não gostaríamos de pensar em morrer e depois não possuir corpo algum…”
[1].
Esse texto paulino passa a
impressão de que o não cristão passará a eternidade como um ser humano
incompleto, dotado apenas de um espírito caído e sem corpo, pois o corpo atual
vai desintegrar-se na sepultura. Aqui há um mistério. Se assim for, trata-se de
terrível condição de existência, pois a vida humana só é possível na
integralidade de corpo e espírito. É no espírito que se encontram os sonhos, os
desejos, mas estes só podem ser concretizados com a participação do corpo.
Assim, separado de Deus e sem corpo só resta ao homem caído viver nas angústias
dos sonhos e desejos não realizados. Uma existência sem sentido, sem propósito,
sem definição e sem paz e satisfação.
Antônio Maia – Ph.B., M. Divi
Direitos autorais
reservados
[1]Nova Bíblia Viva, 2Coríntios 5.3
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