O MUNDO - UMA CRIAÇÃO DIVINA
A afirmação bíblica de que “Deus é o criador do universo” está na base
de toda a fé cristã. E toda a narrativa bíblica se estrutura nessa verdade.
Reafirmar isso é relevante pois alguns leitores, pelo fato de o texto Os Dias
da Criação não defender uma leitura literal de Gênesis 1, podem ter ficado com
a impressão de que a narrativa da primeira página da Bíblia seja apenas uma
obra de ficção, uma poesia, fruto da imaginação do autor. Pensar assim seria um
grande equívoco.
Gênesis é o primeiro livro de uma obra de cinco volumes do profeta
Moisés. Essa coleção desses primeiros livros da Bíblia recebe o nome, entre os
judeus, de Torá. Moisés os escreveu, não por causa de sua genialidade
literária, mas devido às suas experiências e seu relacionamento com o Criador,
que apareceu a ele e lhe revelou mistérios inefáveis (Êxodo 3). Por essa razão
o que consta desses livros é tido, não como invenções humanas, mas como Palavra
de Deus.
Depois dos apóstolos, que andaram com Deus, na pessoa do Filho, por três
anos, Moisés foi o profeta que mais teve experiências profundas com o
Criador. Em Êxodo está registrado: “Disse Deus ainda a Moisés: ‘Eu sou o
SENHOR. Apareci a Abraão, Isaque e Jacó como Deus todo-poderoso, mas pelo meu
nome, o SENHOR, não me revelei a eles’” (6.2). Deus, porém, revelou seu próprio
nome a Moisés (Êxodo 3.13-15). Êxodo 33.11 também traz a seguinte menção: “O
SENHOR falava com Moisés face a face, como quem fala com um amigo...”
Desse modo, Gênesis 1 se reveste de grande relevância. A primeira página
da sagrada Escritura trata sobre a criação do mundo por Deus. Não é um texto
científico que descreve como Deus criou o universo, mas é Revelação escrita de
Deus à humanidade, onde Ele se mostra como o Criador. Observa-se, nesse ponto,
a natureza transcendental do texto. Não é uma produção religiosa, humana, mas,
antes, Revelação divina. Seu objetivo é lançar o fundamento de que tudo o que
existe é obra divina. Ele é o soberano da criação (Apocalipse 3.14). Por isso
mesmo, o texto começa afirmando: “no princípio Deus criou os céus e a terra”
(1.1).
Essa afirmação inicial da Escritura sagrada de que o Universo é criação
divina ecoa em toda a extensão bíblica. Em Jó, por exemplo, Deus fala: “onde
você estava quando eu lancei os alicerces da terra?” (38.4). Já o Apóstolo
Paulo afirma que ela, a criação, foi afetada pelo pecado original. Ela está
enferma, decadente e aguarda, com expectativa, o momento da restauração total
da humanidade pela obra de Cristo (Romanos 8.19-23). João, na sala do trono de
Deus, vê seres adorando-o, nesses termos: “Tu Senhor e Deus nosso, és digno de
receber a glória, a honra e o poder, porque criastes todas as coisas, e por tua
vontade elas existem e foram criadas” (Apocalipse 4.11). A sagrada Escritura
termina falando de “um novo céu e uma nova terra”, isto é, a criação restaurada
(Apocalipse 21.1).
Assim, é preciso que se diga que Gênesis 1 é legítima Palavra de Deus,
escrita, porém, no estilo literário da poesia hebraica. A Escritura sagrada foi
redigida, utilizando vários gêneros literários, entre eles, a poesia. Quão belo
é que a Bíblia começa com a poesia da criação! Segundo os comentaristas da
Bíblia Nova Versão Internacional 40% do texto do Antigo Testamento é poesia
[1]. A verdade nem sempre está no sentido literal. O livro de Apocalipse que
traz a mensagem da vitória de Deus sobre o mal está escrito em um gênero
altamente simbólico. Jesus também ensinou muito por parábolas.
Se o texto da criação do mundo só pode ser interpretado literalmente,
então é preciso reconhecer que Deus se cansou depois de seis “dias” de
atividades de criadora (Gênesis 2.1). No entanto, o Profeta Isaías diz: “será
que você não sabe? Nunca ouviu falar? O SENHOR é o Deus eterno, o Criador de
toda a Terra. Ele não se cansa nem fica exausto; sua sabedoria é insondável”
(40.28). É claro que o bom leitor vai entender o sentido de “descansou” como
não tendo mais nada a criar. Por essa razão e outras, é preciso humildade
diante da Escritura. Ela é sagrada. Deve ser lida sob oração e com a ajuda do
Espírito Santo.
[1] NVI, Bíblia. São Paulo: Ed Vida, 2003, p.8
Antônio Maia – M. Div.
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